A corrupção em Portugal já faz parte da cultura instituída, está tão enraizada que dificilmente poderá ser reduzida ou combatida sem uma forte componente pedagógica, formal e informal. Por cá, condena-se a "grande corrupção", aquela que se relaciona com grandes quantias monetárias ou patrimoniais, no entanto, os casos da "pequena corrupção" e do pequeno clientelismo tendem a ser ignorados. Existe uma concepção minimalista da corrupção e uma incapacidade para analisar os efeitos e impactos dos pequenos actos de corrupção. Há que de tratar e abordar todas as formas de corrupção, independentemente de se considerar “grande” ou pequena”. Eventos nefastos singulares de grande impacto serão, eticamente e quantitativamente, tão preocupantes como outros de pequeno impacto quando multiplicados por muitas ocorrências. No entanto, a corrupção impede contribui para o enfraquecimento da democracia e para que fique por se conseguir verdadeiramente a ideal igualdade de oportunidades entre cidadãos.
Assim, surge a necessidade de intervir na sociedade como um todo, mas especialmente junto dos mais jovens, de modo a incutir boas práticas sociais - as práticas da transparência, da ética, da integridade e da empatia social. Este modo de abordar e combater a corrupção seria verdadeiramente inovador em Portugal, até porque é um modo de prevenção nunca verdadeiramente tentado, podendo ser trabalhado e melhorado para uma implementação prática consequente. Usando o já antigo ditado popular “prevenir é o melhor remédio”.
Para isso há que começar a desenvolver projectos de intervenção, a implementar nas escolas e noutros espaços educativos, com metodologias activas, que despertem a consciência das crianças e jovens para os malefícios da corrupção e, ao mesmo tempo, disseminem valores e as boas práticas sociais e pessoais da ética, transparência e integridade.
Teriam de ser criadas também campanhas de divulgação para a consciencialização e informação dos cidadãos. A intervenção junto da população em geral poderá ser também interactiva, promovendo a participação activa e não somente a vertente passiva. Podendo isso ser feito através de concursos lúdicos/culturais, de criatividade ou de intervenção e voluntariado, mas pensando também em spots e mensagens mais directas a serem transmitidas pelos Media tradicionais e outros.
Exemplos semelhantes de intervenção junto dos mais jovens foram já experimentados com sucesso, de notar o exemplo da defesa e consciencialização para a causa ambiental, já para não falar da segurança rodoviária, saúde pública e individual, etc. Foi o Estado, e outras entidades públicas e privadas, a reforçar a intervenção para a mudança de comportamentos para atitudes “mais verdes”, tendo os jovens sido os alvos preferenciais. E foram esses jovens posteriormente que influenciaram e contribuíram para a alteração dos comportamentos e atitudes das suas próprias famílias, num claro contributo até para o reforço dos laços familiares e empatia social.
Já junto das populações em geral tem sido, vezes sem conta, feito campanhas de sensibilização para o ambiente, e muitas outras áreas, à semelhança do que tem sido feito nas escolas. Mas no que toca à corrupção, não se conhecem em Portugal exemplos disso.
Estas e outras ideias surgiram do Movimento Anti-Corrupção, movimento cívico informal que tem tido acção e intervenção nas redes sociais, nos Media, em eventos públicos e junto de outras associações cívicas. O movimento pode ser conhecido em:
http://www.movimentoanti-corrupcao.blogspot.com. Fica também a sugestão da petição online criada pelo Movimento Anti-Corrupção: “Petição Combate à corrupção através da consciencialização, informação, formação e educação”, disponível para ser lida e assinada em
http://www.peticaopublica.com/PeticaoVer.aspx?pi=P2010N3298.
Não se pode perder mais tempo. Quanto mais tarde se começar a fazer prevenção pela consciencialização pior. Quanto mais tempo nada se fizer neste sentido pior se agravará a corrupção, especialmente em tempos de crise e convulsões sociais.