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João Martinho

ordenamento

Demolição de todas as AUGI

As AUGI (Áreas Urbanizadas de Génese Ilegal) são actualmente um cancro de quase todas as grandes cidades. Demoli-las é solução? Vejamos:
08 Outubro 2009
Há muitos bairros ilegais que tem sido albergue para imigrantes ilegais e criminosos.
Muitos destes bairros, se assim lhes quisermos chamar, existem já desde o pós 25 de Abril e muitos dos habitantes são já portugueses, assim como muitos dos habitantes tem já direito às suas casas por usucapião.

Mas o recente crescimento da criminalidade e algum sentido de impunidade contribuiu para a concentração dos criminosos em locais onde podem construir a seu bel-prazer (pois o precedente já   continuar a ler a proposta continuar a ler a proposta
Há muitos bairros ilegais que tem sido albergue para imigrantes ilegais e criminosos.
Muitos destes bairros, se assim lhes quisermos chamar, existem já desde o pós 25 de Abril e muitos dos habitantes são já portugueses, assim como muitos dos habitantes tem já direito às suas casas por usucapião.

Mas o recente crescimento da criminalidade e algum sentido de impunidade contribuiu para a concentração dos criminosos em locais onde podem construir a seu bel-prazer (pois o precedente já era esse) e transformar antigos nichos de pessoas que viviam como menos posses em nichos de ilegalidades.

Creio ser de alguma importância haver uma política de re-socialização e de controle que permita acabar de vez com estes bairros. Primeiro porque muitas das construções não cumprem com a necessidades básicas, uma vez que a construção não foi projectada por um arquitecto com vista ao seu reconhecimento e aprovação municipal; segundo porque a actual ordenação do aglomerado habitacional dificulta obras de remodelação, se possibilidades houvesse de o "bairro" ser legalizado.

As políticas adoptadas tem sido negligentes ao permitirem a existência e a proliferação de bairros desta génese e tem pactuado com os proprietários dos imóveis, permitindo que estes continuem a arrendar "cubículos" a preços desproporcionais e que não oferecem segurança ao arrendatário.

Como se reintegrava os habitantes destes bairros? Filtrados os habitantes, deportando os ilegais e integrando os que realmente tem direitos sobre a habitação. Integrando-os em construções normais e em sociedade com outros, e não construir um novo gueto.

Acho que é preciso perder o medo de frequentar certos bairros de Lisboa, sem pensar que o perigo provém de "bairros de pretos" ou "bairros de ciganos". Se os integrarmos devidamente, sem construir aquelas casas pintadas de azul escuro e amarelo torrado que até a mim dão vontade de esborratar; creio vermos frutos do empenho dos últimos anos.
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apoiantes da proposta

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  • Flávio Brites
  • Pedro Abreu
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Caro João Claro que há, haverá sempre possibilidades de enquanto este país se for sendo democrático e tivermos espaços destes para nos podermos ouvir uns aos outros de forma civilizada e igual. Também não me posso alongar muito em respostas neste momento por falta continuar a ler o comentário
Caro João

Claro que há, haverá sempre possibilidades de enquanto este país se for sendo democrático e tivermos espaços destes para nos podermos ouvir uns aos outros de forma civilizada e igual.
Também não me posso alongar muito em respostas neste momento por falta de tempo, por isso aguardarei com expectativa a sua.

Entretanto peço-lhe que pense em algumas coisas que acaba de escrever e que denunciam algum preconceito na linguagem e que levam logo à partida a leituras erradas sobre estas questões sensíveis.
Pergunta-me se há marginalidade e delinquência nestes bairros? Na maioria, mas não em todos, está claro que há. Mais do que noutros sítios, do que nos bancos por exemplo? Pense bem? Já leu os jornais de hoje? Quem é que nos rouba mais, a nós comuns cidadãos e à sociedade?

Segundo ponto, o problema destes bairros não é em primeiro um problema de imigração, é sim um problema social. Muitos dos Indivíduos que aparecem no filme desta proposta, apostaria consigo que a larga maioria deles, são legalmente tão portugueses como o João ou como eu. É um facto. Nasceram cá, são filhos ou netos de imigrantes, e provavelmente nunca pisaram outro solo que não o português. Foram em primeiro lugar vítimas de uma sociedade desigual que explora os salários baixos de imigrantes, muitas vezes ilegais é verdade, mas que abandonam as suas terras natais em busca de melhores condições de melhor. Não foi isso que encontraram, e infelizmente não foi isso que conseguiram oferecer aos seus descendentes. Isto não os desresponsabiliza em nada se cometerem actos criminosos, mas também não nos dá o direito de forçar estas populações, a sua maioria inocente, a abandonar as suas casas para serem enfiadas em caixotes que não resolvem em nada os seus problemas, ao contrário, agravam-nos.

Demolir as augis só por si não resolve problema absolutamente nenhum. Não podemos demolir pessoas, nem as suas vidas. Por isso prefiro a ideia de fazer todos os possíveis para integrar melhor na sociedade estas comunidades, e se isso for possível, integrar estes bairros nos nossos tecidos urbanos, conferindo-lhes um mínimo de dignidade e qualidade.

Ultimo pedido: veja mesmo os filmes que aconselhei, valem a pena.

Cumprimentos,
Francisco

Francisco Costa 19 Novembro 2h11

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O Francisco Costa merece-me, de facto, uma resposta mais elaborada, pois tentou responder mediante os conhecimentos que tem do trabalho de campo que desenvolveu. No entanto, para já deixo uma observação. Conheço a realidade de bairros AUGI como a Serra da Luz... O bairro de Hollywood continuar a ler o comentário
O Francisco Costa merece-me, de facto, uma resposta mais elaborada, pois tentou responder mediante os conhecimentos que tem do trabalho de campo que desenvolveu.

No entanto, para já deixo uma observação. Conheço a realidade de bairros AUGI como a Serra da Luz... O bairro de Hollywood (porque será que se chama assim? Será pelos tiroteios frequentes?) e como vemos uma pequena amostra no vídeo da Cova da Moura...

Trabalhadores? Estes? Ou roubam ou recebem RSI, porque trabalhar tá quieto! Se bem que estes clipes foram feitos num dia de Ano Novo, pelo que me foi dado a entender pelas sequelas.

Eu não digo que a "inserção" na nossa sociedade não tenha que ser acompanhada por um psicólogo ou outros...

Mas vá lá.... A maior parte dos imigrantes votaram PS por causa da política do "deixa andar" em relação à imigração. RSI, casa barata...

Na Serra da Luz, por exemplo, no ultimo inverno houve casas em risco de derrocada.

É este aglomerado populacional que se quer em Portugal? Então e os "trabalhadores" que o Francisco tanto defende, não merecem melhor?
Nos bairros AUGI as ruas estão cheias de gente a qualquer hora do dia.... Se trabalhassem assim tanto, haveria assim tanto aglomerado à porta dos cafés, mercearias, largos...?

Mas ainda voltarei a este assunto. E talvez o Francisco tenha algo a defender. Há a possibilidade de um diálogo construtivo.

João Martinho 19 Novembro 0h56

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Realmente os individuos do video apresentado têm todos cara de incansáveis trabalhadores...

Flávio Brites 18 Novembro 22h56

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Caro Francisco Costa
Aproveitamos para referir que o site permite mudar o sentido de voto em qualquer altura.

Eu Participo 17 Novembro 14h35

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Caro João Martinho Está enganado. Não totalmente enganado, mas bastante enganado. A maior parte das pessoas que infelizmente vivem em AUGIS são trabalhadores honestos e dedicados que se levantam ainda antes de o sol nascer e só regressam a casa quando a noite já vai longa, continuar a ler o comentário
Caro João Martinho

Está enganado. Não totalmente enganado, mas bastante enganado.

A maior parte das pessoas que infelizmente vivem em AUGIS são trabalhadores honestos e dedicados que se levantam ainda antes de o sol nascer e só regressam a casa quando a noite já vai longa, depois de um dia inteiro de trabalho a servir às nossas mesas, a limpar os nossos locais de trabalho ou a cortar o nosso cabelo (por exemplo).

Tenho como experiencia pessoal o trabalho universitário desenvolvido numa pequena AUGI do conselho de Lisboa onde a proposta que era feita era a coisa mais simples e menos onerosa para o estado português: Em vez de demolir tudo e enfiar as pessoas em bairros sociais (opção defendida e tomada como certa pela câmara municipal nas gestões PSD de Santana e Carmona e que assustava e angustiava os moradores da Rua Particular à Azinhaga dos Lameiros, tanto ou mais do que a si ou a mim assusta um “Bairro de Pretos ou Bairro de Ciganos” pois este era o seu destino certo) a proposta e visava a integração desta rua no tecido urbano de um futuro pólo tecnológico que o pdm prevê para esta área da cidade. À câmara caberia apenas a construção de uma rua traseira para resolver os problemas de circulação e a pavimentação da rua em questão, que é um direito que assiste a qualquer munícipe – ter a sua rua pavimentada e em condições, quer ele more na rua do alecrim no Chiado ou no beco da bicha em Alfama – e a recuperação das casas tendo em vista a sua legalização e o cumprimento das regras vigentes para o caso da reconversão das AUGIS, ficaria a cargo dos proprietários, que deveriam concorrer aos apoios criados entretanto para a reabilitação urbana do edificado por parte de privados.

Este trabalho foi discutido e apresentado com as população que depois de no inicio se mostrar receosa pois pareciam-lhes apenas mais promessas que mexiam profundamente com as suas vidas e as suas esperanças, ao conhecer verdadeiramente o seu contexto e o seu conteúdo população aderiu em força a proposta, tendo deixado bem claros os seus agradecimentos pelo trabalho realizado.

Apesar de ser um trabalho académico e desenvolvido em conjunto com a junta de freguesia de Carnide no âmbito do orçamento participativo, a actual gestão da Câmara Municipal de Lisboa, já entrou em contacto com a Universidade e com as pessoas que desenvolveram este trabalho tendo em vista a possibilidade da sua concretização.

O trabalho que acabo de descrever, mais concretamenteo ppt da apresentação feita na Junta de Freguesia de Carnide pode ser consultado em: http://issuu.com/kikux/docs/lameiros


Inserir as pessoas na sociedade não significa inseri-las num apartamento amorfo com o qual não conseguem estabelecer qualquer relação porque nunca foram educadas lá viver. É preciso em primeiro lugar ouvir as pessoas e dar resposta às suas necessidades reais.


Aconselho vivamente o visionamento de dois filmes sobre estas realidades: o filme “Juventude em Marcha” de Pedro Costa, que retrata o dramático processo de realojamento de comunidades na sua maioria de emigrantes do bairro de barracas das Fontainhas para blocos de habitação social.
“Juventude em Marcha” mostra-nos o quão erradas foram estas soluções de “chave na mão” que o PER oferece às populações que vivem nas barracas que ao não terem sido ouvidas antes da construção das suas habitações, e sendo os únicos critérios a racionalização e a economia máximas, as pessoas não conseguem adaptar-se minimamente ás novas habitações, gerando-se por vezes histórias de contornos quase cómicos como a dos ciganos que ao não terem um quintal usam a banheira para fazer hortas ou para colocar os seus patos, ou histórias mais dramáticas em que num acto de desespero um habitante lança fogo ao seu apartamento para tentar humaniza-lo.

E o segundo, o documentário de João Dias intitulado “As Operações SAAL”. Este documentário rodado entre 2005 e 2007, procura trazer aos dias de hoje memórias do imenso projecto que foi, pelo país de norte a sul, dar às populações carenciadas habitação condigna.

Lançado no primeiro governo do pós 25 de Abril pelo secretário de estado da habitação Arq. Nuno Portas, o Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL), era constituído por equipas multidisciplinares nas quais havia arquitectos, engenheiros, juristas, entre outros, que em conjunto com as associações de moradores e em contacto directo com as populações, procuravam resolver o grave problema da habitação que se verificava na época em Portugal.

O documentário retrata o espírito de esperança num futuro melhor que se vivia na altura, de pessoas que só queriam uma casa sua para morar, mas que ao mesmo tempo tinham uma crença profunda no real melhoramento das suas condições vida. É bonito de ver neste filme como disse Fernando Lopes “As pessoas a tomarem conta dos seus sonhos, da sua vida”.

Espero que depois disto mude a sua opinião quanto a esta matéria, e espero que este site nos dê também a opção de mudar a nossa opção de voto.
“Eu participo” para que outros o possam fazer em consciência e melhor informados, e que para que se batam pelas causas certas.

Com os melhores cumprimentos,
Francisco Costa

Francisco Costa 06 Novembro 14h59

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Caro João Martinho Está enganado. Não totalmente enganado, mas bastante enganado. A maior parte das pessoas que infelizmente vivem em AUGIS são trabalhadores honestos e dedicados que se levantam ainda antes de o sol nascer e só regressam a casa quando a noite já vai longa, continuar a ler o comentário
Caro João Martinho

Está enganado. Não totalmente enganado, mas bastante enganado.

A maior parte das pessoas que infelizmente vivem em AUGIS são trabalhadores honestos e dedicados que se levantam ainda antes de o sol nascer e só regressam a casa quando a noite já vai longa, depois de um dia inteiro de trabalho a servir às nossas mesas, a limpar os nossos locais de trabalho ou a cortar o nosso cabelo (por exemplo).

Tenho como experiencia pessoal o trabalho universitário desenvolvido numa pequena AUGI do conselho de Lisboa onde a proposta que era feita era a coisa mais simples e menos onerosa para o estado português: Em vez de demolir tudo e enfiar as pessoas em bairros sociais (opção defendida e tomada como certa pela câmara municipal nas gestões PSD de Santana e Carmona e que assustava e angustiava os moradores da Rua Particular à Azinhaga dos Lameiros, tanto ou mais do que a si ou a mim assusta um “Bairro de Pretos ou Bairro de Ciganos” pois este era o seu destino certo) a proposta e visava a integração desta rua no tecido urbano de um futuro pólo tecnológico que o pdm prevê para esta área da cidade. À câmara caberia apenas a construção de uma rua traseira para resolver os problemas de circulação e a pavimentação da rua em questão, que é um direito que assiste a qualquer munícipe – ter a sua rua pavimentada e em condições, quer ele more na rua do alecrim no Chiado ou no beco da bicha em Alfama – e a recuperação das casas tendo em vista a sua legalização e o cumprimento das regras vigentes para o caso da reconversão das AUGIS, ficaria a cargo dos proprietários, que deveriam concorrer aos apoios criados entretanto para a reabilitação urbana do edificado por parte de privados.

Este trabalho foi discutido e apresentado com as população que depois de no inicio se mostrar receosa pois pareciam-lhes apenas mais promessas que mexiam profundamente com as suas vidas e as suas esperanças, ao conhecer verdadeiramente o seu contexto e o seu conteúdo população aderiu em força a proposta, tendo deixado bem claros os seus agradecimentos pelo trabalho realizado.

Apesar de ser um trabalho académico e desenvolvido em conjunto com a junta de freguesia de Carnide no âmbito do orçamento participativo, a actual gestão da Câmara Municipal de Lisboa, já entrou em contacto com a Universidade e com as pessoas que desenvolveram este trabalho tendo em vista a possibilidade da sua concretização.

O trabalho que acabo de descrever, mais concretamenteo ppt da apresentação feita na Junta de Freguesia de Carnide pode ser consultado em: http://issuu.com/kikux/docs/lameiros


Inserir as pessoas na sociedade não significa inseri-las num apartamento amorfo com o qual não conseguem estabelecer qualquer relação porque nunca foram educadas lá viver. É preciso em primeiro lugar ouvir as pessoas e dar resposta às suas necessidades reais.


Aconselho vivamente o visionamento de dois filmes sobre estas realidades: o filme “Juventude em Marcha” de Pedro Costa, que retrata o dramático processo de realojamento de comunidades na sua maioria de emigrantes do bairro de barracas das Fontainhas para blocos de habitação social.
“Juventude em Marcha” mostra-nos o quão erradas foram estas soluções de “chave na mão” que o PER oferece às populações que vivem nas barracas que ao não terem sido ouvidas antes da construção das suas habitações, e sendo os únicos critérios a racionalização e a economia máximas, as pessoas não conseguem adaptar-se minimamente ás novas habitações, gerando-se por vezes histórias de contornos quase cómicos como a dos ciganos que ao não terem um quintal usam a banheira para fazer hortas ou para colocar os seus patos, ou histórias mais dramáticas em que num acto de desespero um habitante lança fogo ao seu apartamento para tentar humaniza-lo.

E o segundo, o documentário de João Dias intitulado “As Operações SAAL”. Este documentário rodado entre 2005 e 2007, procura trazer aos dias de hoje memórias do imenso projecto que foi, pelo país de norte a sul, dar às populações carenciadas habitação condigna.

Lançado no primeiro governo do pós 25 de Abril pelo secretário de estado da habitação Arq. Nuno Portas, o Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL), era constituído por equipas multidisciplinares nas quais havia arquitectos, engenheiros, juristas, entre outros, que em conjunto com as associações de moradores e em contacto directo com as populações, procuravam resolver o grave problema da habitação que se verificava na época em Portugal.

O documentário retrata o espírito de esperança num futuro melhor que se vivia na altura, de pessoas que só queriam uma casa sua para morar, mas que ao mesmo tempo tinham uma crença profunda no real melhoramento das suas condições vida. É bonito de ver neste filme como disse Fernando Lopes “As pessoas a tomarem conta dos seus sonhos, da sua vida”.

Espero que depois disto mude a sua opinião quanto a esta matéria, e espero que este site nos dê também a opção de mudar a nossa opção de voto.
“Eu participo” para que outros o possam fazer em consciência e melhor informados, e que para que se batam pelas causas certas.

Com os melhores cumprimentos,
Francisco Costa

Francisco Costa 06 Novembro 14h59

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Caro João Martinho Está enganado. Não totalmente enganado, mas bastante enganado. A maior parte das pessoas que infelizmente vivem em AUGIS são trabalhadores honestos e dedicados que se levantam ainda antes de o sol nascer e só regressam a casa quando a noite já vai longa, continuar a ler o comentário
Caro João Martinho

Está enganado. Não totalmente enganado, mas bastante enganado.

A maior parte das pessoas que infelizmente vivem em AUGIS são trabalhadores honestos e dedicados que se levantam ainda antes de o sol nascer e só regressam a casa quando a noite já vai longa, depois de um dia inteiro de trabalho a servir às nossas mesas, a limpar os nossos locais de trabalho ou a cortar o nosso cabelo (por exemplo).

Tenho como experiencia pessoal o trabalho universitário desenvolvido numa pequena AUGI do conselho de Lisboa onde a proposta que era feita era a coisa mais simples e menos onerosa para o estado português: Em vez de demolir tudo e enfiar as pessoas em bairros sociais (opção defendida e tomada como certa pela câmara municipal nas gestões PSD de Santana e Carmona e que assustava e angustiava os moradores da Rua Particular à Azinhaga dos Lameiros, tanto ou mais do que a si ou a mim assusta um “Bairro de Pretos ou Bairro de Ciganos” pois este era o seu destino certo) a proposta e visava a integração desta rua no tecido urbano de um futuro pólo tecnológico que o pdm prevê para esta área da cidade. À câmara caberia apenas a construção de uma rua traseira para resolver os problemas de circulação e a pavimentação da rua em questão, que é um direito que assiste a qualquer munícipe – ter a sua rua pavimentada e em condições, quer ele more na rua do alecrim no Chiado ou no beco da bicha em Alfama – e a recuperação das casas tendo em vista a sua legalização e o cumprimento das regras vigentes para o caso da reconversão das AUGIS, ficaria a cargo dos proprietários, que deveriam concorrer aos apoios criados entretanto para a reabilitação urbana do edificado por parte de privados.

Este trabalho foi discutido e apresentado com as população que depois de no inicio se mostrar receosa pois pareciam-lhes apenas mais promessas que mexiam profundamente com as suas vidas e as suas esperanças, ao conhecer verdadeiramente o seu contexto e o seu conteúdo população aderiu em força a proposta, tendo deixado bem claros os seus agradecimentos pelo trabalho realizado.

Apesar de ser um trabalho académico e desenvolvido em conjunto com a junta de freguesia de Carnide no âmbito do orçamento participativo, a actual gestão da Câmara Municipal de Lisboa, já entrou em contacto com a Universidade e com as pessoas que desenvolveram este trabalho tendo em vista a possibilidade da sua concretização.

O trabalho que acabo de descrever, mais concretamenteo ppt da apresentação feita na Junta de Freguesia de Carnide pode ser consultado em: http://issuu.com/kikux/docs/lameiros


Inserir as pessoas na sociedade não significa inseri-las num apartamento amorfo com o qual não conseguem estabelecer qualquer relação porque nunca foram educadas lá viver. É preciso em primeiro lugar ouvir as pessoas e dar resposta às suas necessidades reais.


Aconselho vivamente o visionamento de dois filmes sobre estas realidades: o filme “Juventude em Marcha” de Pedro Costa, que retrata o dramático processo de realojamento de comunidades na sua maioria de emigrantes do bairro de barracas das Fontainhas para blocos de habitação social.
“Juventude em Marcha” mostra-nos o quão erradas foram estas soluções de “chave na mão” que o PER oferece às populações que vivem nas barracas que ao não terem sido ouvidas antes da construção das suas habitações, e sendo os únicos critérios a racionalização e a economia máximas, as pessoas não conseguem adaptar-se minimamente ás novas habitações, gerando-se por vezes histórias de contornos quase cómicos como a dos ciganos que ao não terem um quintal usam a banheira para fazer hortas ou para colocar os seus patos, ou histórias mais dramáticas em que num acto de desespero um habitante lança fogo ao seu apartamento para tentar humaniza-lo.

E o segundo, o documentário de João Dias intitulado “As Operações SAAL”. Este documentário rodado entre 2005 e 2007, procura trazer aos dias de hoje memórias do imenso projecto que foi, pelo país de norte a sul, dar às populações carenciadas habitação condigna.

Lançado no primeiro governo do pós 25 de Abril pelo secretário de estado da habitação Arq. Nuno Portas, o Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL), era constituído por equipas multidisciplinares nas quais havia arquitectos, engenheiros, juristas, entre outros, que em conjunto com as associações de moradores e em contacto directo com as populações, procuravam resolver o grave problema da habitação que se verificava na época em Portugal.

O documentário retrata o espírito de esperança num futuro melhor que se vivia na altura, de pessoas que só queriam uma casa sua para morar, mas que ao mesmo tempo tinham uma crença profunda no real melhoramento das suas condições vida. É bonito de ver neste filme como disse Fernando Lopes “As pessoas a tomarem conta dos seus sonhos, da sua vida”.

Espero que depois disto mude a sua opinião quanto a esta matéria, e espero que este site nos dê também a opção de mudar a nossa opção de voto.
“Eu participo” para que outros o possam fazer em consciência e melhor informados, e que para que se batam pelas causas certas.

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Francisco Costa

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Como eu gosto da Finlândia. LOL (descobri agora!)

João Martinho 23 Outubro 1h13

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