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30 Agosto 2009
As mulheres lideram o desemprego na União Europeia. Ocupam a maioria dos empregos precários e ganham menos que os homens, têm revelado vários relatórios perante o Parlamento Europeu.E quanto maior é a qualificação das mulheres, maior é a desigualdade entre os seus ganhos salariais e os auferidos pelos homens.
Em média, as estagiárias, qualquer que seja a actividade profissional, ganham 94,1% do rendimento médio dos homens. Mas quando se analisa a situação salarial nos quadros
continuar a ler a propostaAs mulheres lideram o desemprego na União Europeia. Ocupam a maioria dos empregos precários e ganham menos que os homens, têm revelado vários relatórios perante o Parlamento Europeu.E quanto maior é a qualificação das mulheres, maior é a desigualdade entre os seus ganhos salariais e os auferidos pelos homens.
Em média, as estagiárias, qualquer que seja a actividade profissional, ganham 94,1% do rendimento médio dos homens. Mas quando se analisa a situação salarial nos quadros superiores verifica-se que as mulheres só ganham cerca de 70% dos seus colegas masculinos. Isto acontece em ramos tão distintos como Medicina, Ciências, Arquitectura, ou Direito.
A excepção a esta realidade é o Estado, onde as mulheres têm uma remuneração média superior, segundo um estudo publicado pelo Banco de Portugal. Isto porque na função pública, as mulheres têm um salário idêntico aos homens para iguais características, como a experiência profissional ou a formação académica...
Diferenças salarias (in Expresso)
No ano de 2006, cada homem português teve, em média, um salário anual bruto de €18.553. As mulheres ficaram-se por €12.460. É uma diferença superior a €6000 que corresponde a 32,8%
As mulheres que trabalham em Portugal têm mais formação e qualificação profissional, mas apenas no Estado conseguem ter um salário médio superior ao dos homens
Uma questão tão enraizada como esta não se resolve apenas com a auto-regulação do mercado de trabalho nas empresas, é necessária uma acção de fundo a nível institucional...
Pergunto: se estivéssemos a falar destes números, perante outro tipo de discriminação, como a discriminação racial, por exemplo, ainda seria encarada da mesma forma?
ver actualização de dia 31 de Agosto de 2009, às 19h40 actualização de dia 31 de Agosto de 2009, às 19h40:
Apenas um esclarecimento:
Como já foi dito, não pedimos discriminação positiva, apenas aquilo que nos é devido: Remuneração igual para trabalho igual.
E como "trabalho" , não queremos dizer categoria ou posto de trabalho, mas carga de trabalho real: produtividade, eficiência, responsabilidade, esforço e competências demonstradas, chamem-lhe o que quiserem...
Alguns comentários demonstram claramente duas visões muito comuns:
A falta de conhecimento de muitas destas situações (seja por não existirem denúncias, falta de cobertura mediática, ou mesmo por desconhecimento das próprias vítimas de discriminação)
Assumir-se automaticamente que, ao falarmos de mulheres, estamos a falar de ganhar o mesmo apesar de produzirmos menos... ora como podem ter certeza disso? Têm números relativos a isto nas carreiras intelectuais, científicas ou até mesmo industriais?
Ficam alguns artigos em anexo:
ICS conduz estudo sobre as relações laborais em Portugal financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia:
"Continua a haver diferenças de 20 e 30 por cento, para a mesma qualificação, entre mulheres e homens. Embora desde o 25 de Abril tenha diminuído a diferença de salários, esta continua a ser uma realidade. (...)
Porque é que há entidades patronais que continuam este enviesamento de género?
É uma tradição portuguesa muito antiga, que já vem desde o regime corporativo. Nessa altura era muito pior porque havia certas profissões que nem podiam ser exercidas por mulheres. Neste momento Portugal tem um nível de frequência feminina e de conclusão das universidades mais elevada da Europa – passou de uma situação de extremo atraso para uma em que é melhor do que a dos países nórdicos. As mulheres hoje frequentam e concluem os cursos superiores muito mais do que os homens. Apesar desta qualificação de topo que é a universidade, os mestrados, doutoramentos e lugares de investigação, as remunerações continuam a ser diferenciadas por uma tradição que ainda não permite uma igualização de género.
Os lugares de topo função pública já estão ocupados por homens e os quadros estão fechados. No sector privado esta diferenciação de género é menor, mas existe uma promoção que às fecha os lugares e são raras as mulheres que participam nos conselhos de administração das empresas.
Ao mesmo tempo, há mulheres a desempenhar funções de topo e com formação superior aos homens mas que ganham menos.
Veja-se o caso do BCP: Quando foi criado tinha uma característica extremamente machista – nem sequer admitia mulheres. Isto já acabou até porque é ilegal.
Continua a haver continuidades nas diferenciações entre mulheres e homens que até agora não foram ultrapassáveis. As mulheres concluem mestrados, doutoramentos mas depois, para que isto se repercuta no mercado de trabalho, demora muito tempo."
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=26307&op=all
E não é só nos países latinos e retrógados ou nos negócios de vão-de-escada...
Nos EUA só agora se começa a dar visibilidade a este tema:
"Chama-se "Lilly Ledbetter", em homenagem a uma trabalhadora americana, a lei de igualdade salarial nos EUA promulgada hoje por Barack Obama, a primeira desde a sua tomada de posse como Presidente dos EUA a 20 de Janeiro.
Em média, as americanas recebem 23% menos que os homens, enquanto as mulheres de minorias étnicas ganham ainda menos. O texto que altera essa situação foi aprovado pelo Congresso na passada semana. Recorde-se que, um projecto de lei semelhante ao que hoje foi promulgado tinha sido vetado durante o mandato de George W. Bush.
Lilly Ledbetter era supervisora da empresa de pneus Goodyear Tire and Rubber Company, em Gadsen, no Alabama. Pouco antes de se reformar, tomou conhecimento de que durante 15 anos recebeu 40% menos do que os colegas homens, pelo mesmo tipo de trabalho.
A trabalhadora decidiu então avançar com um processo na Justiça e ganhou. "
http://aeiou.expresso.pt/obama-pela-igualdade-salarial-entre-homens-e-mulheres=f494875
----"Os lugares de topo função pública já estão ocupados por homens e os quadros estão fechados."
- Isto é simplesmente mentira. Sem mais comentários----
Quanto a isto: "Assumir-se automaticamente que, ao falarmos de mulheres, estamos a falar de ganhar o mesmo apesar de produzirmos menos... ora como podem ter certeza disso? Têm números relativos a isto nas carreiras intelectuais, científicas ou até mesmo industriais?" - Na verdade eu não vi ninguém a assumir nada e não, não estou na posse dos dados relativos a produtividade e se a Alice também não está não pode meter a mão no fogo pelos exemplos reais que referiu, não sabe se na realidade produziam menos e mereciam de facto ganhar menos.
Não tente adivinhar os pensamentos dos outros. Repare que eu disse que concordava que para uma produtividade igual se aufira um ordenado igual, independentemente de género, concordo com o senso comum da sua proposta. Não concordo é com medidas para equiparar ordenados que ignoram a competência das pessoas, como a medida das quotas na assembleia da república. É uma humilhação para quem é beneficiado. Isto serve para homens como para mulheres.